sexta-feira, 25 de maio de 2012


Solenidade de Pentecostes: O nascimento da Igreja.


Celebraremos neste domingo a grande festa do amor. Sim, Pentecostes é a festa da vida, do nascimento, do comprometimento, da doação, da igualdade, da renovação. Para entendermos essa grande solenidade, se faz necessário saber que a palavra pentecostes vem do grego: pentekostē/ penta: cinquenta. É uma das celebrações mais importantes do calendário cristão, e comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. O Pentecostes é celebrado 50 dias depois do domingo de Páscoa. O dia de Pentecostes ocorre no décimo dia depois do dia da Ascensão de Jesus. A festa de Pentecostes é histórica e está simbolicamente ligada ao festival judaico da colheita, que comemora a entrega dos Dez mandamentos no Monte Sinai, cinquenta dias depois do Êxodo. Para nós cristãos, o Pentecostes celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e seguidores de Cristo, através do dom de línguas, como descrito no Novo Testamento, durante aquela celebração judaica do quinquagésimo dia em Jerusalém. Por esta razão o dia de Pentecostes é  considerado o dia do nascimento da Igreja. Como Igreja da Comunidade Metropolitana, celebramos essa verdade de fé, pois Jesus nos convida a proclamar esse grande projeto de amor do Pai a todas as pessoas. A liturgia nos convida a refletir o evangelho de João, no capítulo 20,19-23: Lá, lemos assim:



19-20 Mais tarde, no mesmo dia, os discípulos estavam reunidos, mas, com medo dos judeus, haviam trancado as portas da casa. De repente, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: 'Paz seja com vocês!'. E mostrou a eles suas mãos e seu lado. 
20-21 Vendo o Senhor com os próprios olhos, os discípulos ficaram exultantes. Jesus repetiu sua saudação: 'Paz seja com vocês! Assim como p pai me enviou, eu envio vocês.'
 22-23 Ele respirou fundo e soprou sobre eles: 'Recebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados serão perdoados para sempre. Se vocês não perdoarem os pecados, não serão perdoados."


Na narrativa de João, os discípulos estavam reunidos, mas com medo, pois estavam desorientados, inseguros,  por causa da morte de Jesus. É nesse momento que Jesus aparece e os saúda com a Paz. Mas que que paz é essa? Jesus na sua plenitude confirma com esse gesto a Paz que nasce no coração de Deus. Ele olha cada um e cada uma das pessoas ali reunidas, pois com certeza não tinha somente os discípulos. Penso que na casa havia todos os tipos de pessoas, aquelas que aceitaram a proposta salvadora de Cristo. Homem e mulheres que humanamente não serviriam para os paradigmas religiosos da época de Jesus. O ato de saudar é o mesmo ato que diariamente somos convidados a ouvir. É na comunidade e pela comunidade que essa relação de amor acontece. Mas Jesus não aparece no meio deles apenas para uma saudação. Sua presença ali é para confirmar o projeto de Deus na comunidade reunida: o projeto RADICAL do amor do Pai. Isso se confirma nas suas palavras: Assim como o Pai me enviou eu envio vocês. É nesse momento que a promessa de Jesus se cumpre sobre a comunidade ali presente: Recebam o Espírito Santo. Jesus anteriormente já havia prometido que não deixaria a comunidade desamparada e enviaria sobre ela o Consolador, o paráclito, o defensor, o amigo. Não podemos jamais esquecer que todo esse processo aconteceu dentro do tempo pascal, cinquenta dias depois da morte e ressurreição de Jesus. Claro que toda essa perspectiva é uma forma pedagógica de nos encontrarmos neste grande mistério de Deus. Entretanto, penso que seria muito importante a leitura do livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 2, 1-11. Lá, lemos assim:



1-4 Quando chegou a festa de Pentecostes, todos estavam juntos num só lugar. Inesperadamente, um sopro parecido com o de um vento ganhou força e ninguém sabia de onde vinha. Todo o lugar foi tomado por aquele som. Em seguida, como um fogo que irrompe, o Espírito Santo se espalhou sobre eles e começaram a falar em diferentes línguas, à medida que o Espírito agia.
5-11 Por essa época, muitos judeus, peregrinos devotos do mundo inteiro, estavam em Jerusalém. Quando ouviram o som eles vieram averiguar. Para espanto deles, cada um ouvia sua própria língua materna sendo falada por alguém. Sem entender o que estava acontecendo, perguntaram-se: "Eles não são galileus? Como é que estão falando em tantas línguas diferentes?" Partos, medos e elamitas; visitantes da Mesopotâmia, Judeia e Capadócia, Ponto e Ásia, Frígia e Panfília, Egito e as partes da Líbia que pertencem a Cirene; imigrantes de Roma, tanto judeus quanto prosélitos, até mesmo cretenses e árabes! " Nós os ouvimos falando em nosso idioma, descrevendo atos poderosos de Deus!


Nossa missão como cristãos é comunicar a vida que nasce em Pentecostes. Para isso, somos convidados constantemente a testemunhar ao mundo esse projeto inclusivo do amor de Deus. O Espírito Santo é a nova Lei  que deve nos orientar, pois sob sua Luz, caminharemos no rumo certo. Como já disse anteriormente, é na comunidade que poderemos fazer acontecer a justiça, buscando unir todos e todas, comunicando o desejo primeiro do Pai: que homens e mulheres sejam um só povo, o povo do Senhor.

A comunidade reunida em torno de Jesus é uma comunidade viva, pois é animada pelo Espírito Santo e a cada dia se permite ser renovada pela ação poderosa do amor que nasce na relação trinitária entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Assim sendo, o sopro do Espírito de Deus faz com que as nossas limitações humanas não sejam empecilhos para a caminhada.
Busquemos sempre lembrar que Pentecostes é a grande oportunidade de construirmos um mundo melhor. É com o nascimento da Igreja que temos a grande deixa de Deus para anunciarmos o seu amor incondicional por cada um de nós. A única linguagem que deve permanecer entre nós é a linguagem do amor, da doação e da vida!

Vinde Espírito Santo! Amém!

Alexander Lucas Evangelista Salvador, liturgista ICM - SP