quarta-feira, 30 de maio de 2012


A LITURGIA NO TEMPO PRÓPRIO

Nas Igrejas da Comunidade Metropolitana, temos como orientação, o uso da Liturgia cristã em nossos cultos. Como já postei aqui no blog, temos um Manual de Liturgia que tem como objetivo, nos direcionar para bem celebrar.
Hoje quero apontar algumas considerações sobre o chamado TEMPO PRÓPRIO que ocupa a maior parte dos nossos dias durante o ano litúrgico. O TEMPO PRÓPRIO em geral é distribuído em 33 ou 34 semanas durante o ano litúrgico. Vale lembrar que ao se falar ao ano litúrgico, não podemos esquecer que ele não caminha junto com o ano civil, ou seja, ela não começa em janeiro e tão pouco, termina  em dezembro. O Ano Litúrgico começa e termina quatro semanas antes do Natal. Voltando ao TEMPO PRÓPRIO, a cor predominante é o verde e os cantos devem ser a expressão das mensagens proclamadas. Ele ocupa praticamente a metade do ano, com algumas semanas entre o natal e o tempo quaresmal. Sua maior parte vem depois da solenidade de Pentecostes, encerrando-se com a solenidade de Cristo Rei do Universo, marcando então, o fim do ano litúrgico.
Esse período é muito importante para a nossa composição da fé, pois na experiência das primeiras comunidades existia apenas a sucessão dos domingos e semanas ao longo do ano, tendo o domingo como dia maior que congregava os irmãos  e irmãs em torno da Palavra e da Ceia. O domingo era o dia, por excelência, para fazer memória da páscoa do Senhor – páscoa semanal. Quando mais tarde, foram organizados os ciclos da páscoa e do natal, era para celebrar com mais intensidade, num tempo determinado, o que já fazia parte do cotidiano das comunidades. É bom que entre um tempo e outro, entre uma festa e outra, haja um tempo comum, um período de repouso e assimilação. Depois da festa e do extraordinário buscamos a calma como elemento de equilíbrio e de normalidade. 
O TEMPO PRÓPRIO é um convite a cada um de nós à reflexão, pois no dia-a-dia, na correria que nos é própria, Deus nos chama à percebemos Sua presença real na palavra e no partir do pão. Isso acontece todas as vezes que nos reunimos em comunidade e pela comunidade. É nos acontecimento cotidianos, nas vivências e nos cansaços, que Jesus cumpre o que nos prometeu: “estarei com vocês todos os dias”.
No TEMPO PRÓPRIO celebramos, portanto, o mistério de Cristo em sua totalidade: encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão. É o que o distingue dos demais tempos. A tônica recai sobre o evangelho de cada domingo. Aí temos a espiritualidade a ser vivida durante a semana. A vida cotidiana é lida à luz do mistério do Senhor.
Neste longo período do ano litúrgico devemos prestar especial atenção nas leituras proclamadas em nossas comunidades. É a tarefa cotidiana de  perceber a cura e o cuidado so Senhor em nossas vidas. A partir da vida do Senhor, aprendemos dele o que significa e em que implica ser um discípulo e uma discípula. Junto com os discípulos que deixaram tudo para seguir o Mestre, e junto com todo o povo, que coloca nele suas esperanças, acompanhamos Jesus na sua caminhada missionária. Em cada um dos acontecimentos, que ocorrem no caminho, Deus vai revelando o mistério de Jesus e nós vamos sendo convidados a aderir mais  profundamente, mais apaixonadamente à sua  pessoa e à sua causa. Nos acontecimentos cotidianos da vida e da caminhada de Jesus, vamos percebendo o Mistério maior que está presente também em nossa vida, tanto nos acontecimentos extraordinários como também naqueles que nos parecem banais e rotineiros. Em todos eles, é Deus que está presente, é Deus que nos chama, nos fala, nos toca, nos convida ao seguimento de Jesus, nos envia como testemunhas das realidades em que vivemos.
Cada domingo é assim uma visita de Deus para nos renovar, para libertar o seu povo, para nos unir mais a ele e entre nós”.
No início do TEMPO PRÓPRIO, depois do natal e antes da quaresma, lemos o início da missão de Jesus, com o chamado dos discípulos, a proposta do Reino. São domingos marcados por um clima de manifestação do Senhor. Em seguida, vamos acompanhamos cada evangelho, quase que do começo ao fim, pulando aquelas passagens que são lidas nos tempos fortes do ano litúrgico. No final do TEMPO PRÓPRIO, ouvimos as palavras de Jesus sobre o fim do mundo – o discurso escatológico. Temos o domingo da Santíssima Trindade, o Culto em Memória das Vítimas do HIV e outras festas próprias do nosso calendário litúrgico que ainda precisamos fazer valer em nosso cultos.
Enfim, que o TEMPO PRÓPRIO possa ser para cada um de nós, oportunidade de cura e transformação. Que possamos cada vez mais perceber a riqueza de nossa liturgia, para assim melhor celebrar.