Solenidade da Ascensão de Jesus Cristo
A liturgia nos propõe a leitura do Evangelho de Marcos 16,
15-20. Na Bíblia A Mensagem, lemos assim:
15-16 Depois disso, quando os onze estavam jantando, ele
apareceu e os repreendeu severamente pela incredulidade, pois se recusavam a
acreditar nos que o tinham visto ressuscitado. Então, ele ordenou: “Saiam pelo
mundo. Vão a toda a parte e anunciem a Mensagem com as boas notícias de Deus
para todos. Quem crer e for batizado está salvo, quem se recusar a crer está
condenado.
17-18 Estes são alguns dos
sinais que acompanharão os que crerem: eles vão expulsar demônios em meu nome,
falar em novas línguas, pegar em serpentes e até beber veneno sem que nada lhes
aconteça; também vão impor as mãos sobre os enfermos e curá-los!
19-20 Então, o Senhor Jesus depois de
orientá-los, foi elevado ao céu e assentou-se ao lado de Deus no lugar da mais
alta honra. Os discípulos saíram por toda a parte, pregando. O Senhor
trabalhava com eles, confirmando a Mensagem com provas inquestionáveis.
Para nossa reflexão:
Quarenta dias depois da Páscoa, a Igreja celebra a festa da
Ascensão de Jesus Cristo. Temos que levar em conta que a cronologia é só um
meio pedagógico para situar os diversos momentos do mistério de Cristo.O
mistério pascal, a paixão, a morte, a ressurreição, a ascensão e pentecostes é
um só e indivisível mistério, que não pode ser separado no tempo.
A Igreja o
distribui em diferentes datas para melhor viver e celebrar.Esta festa tem dois
grandes significados. Por um lado, celebrar que Jesus é realmente o Emanuel, o
Deus conosco, para sempre. Deus que vive e caminha no meio de seu povo.O
acontecimento da partida de Cristo Ressuscitado para o Pai, a entrada na sua
Glória, inicia uma nova forma de presença de Jesus na história, no meio de nós.
Ele parte, mas fica para sempre, cumprindo assim sua promessa: "Eu estarei
com vocês todos os dias até os fins dos tempos".Por outro, a entrada de
Jesus na glória definitiva de Deus, "sentou-se à direita de Deus",
sinaliza a meta de sua encarnação, a plenitude de sua filiação. A partir desse
momento, (se podemos usar esta categoria) a humanidade se faz presente no seio
da Trindade.Pela encarnação de Jesus, Deus atinge as entranhas da humanidade. E
pela sua morte e ressurreição é a humanidade que entra para sempre na vida de
Deus.
Dessa maneira
dirigir nosso olhar para Jesus no céu é considerar como sentido último de nossa
vida cristã a participação total na vida de Deus.O Evangelho de João diz
claramente: "Se alguém quer servir a mim, que me siga. E onde eu estiver,
aí também estará o meu servo. Se alguém serve a mim, o Pai o honrará" (Jo
12,26).Mas participar da vida divina não é só para depois da morte, é para
viver aqui e agora! Seguindo o apóstolo Paulo: "Na pessoa de Jesus Cristo,
Deus nos ressuscitou e nos fez sentar nos céu" (Ef2,6).Tinhas pensado
alguma vez o que significa celebrar a ascensão de Jesus?
Agora bem, este
presente que Deus nos dá para viver, aqui na terra como primícias e depois em
plenitude, não deixa os cristãos ou cristãs no ar.Muito pelo contrário!
Deixemos que o Evangelho de hoje nos ensine: "Vão pelo mundo inteiro e
anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado,
será salvo".O Ressuscitado coloca a sua comunidade em movimento: Vão! Não
fiquem parados, não tenham medo, não guardem a sua vida, ao contrário,
dediquem-na a ir ao encontro dos homens e das mulheres, crianças e jovens, de
todas as cores e raças para comunicar-lhes a vida nova que têm direito de
conhecer e viver!Inicia-se, assim, o tempo da Igreja, que deve sempre deixar-se
animar por esta força dinâmica e inquieta que é a nova presença do
Ressuscitado, de seu Espírito, autorizando aos seus seguidores e seguidoras a
fazer o mesmo que ele fazia.
No início do
evangelho de Marcos, Jesus se apresenta anunciando o Evangelho (1,14), a
centralidade da missão dele foi comunicar com sua vida e palavra, a Boa Nova do
mundo novo inaugurado por ele. Esta será, então, a grande tarefa da comunidade
cristã: anunciar a Boa Notícia, Jesus Cristo morto e ressuscitado! (At
2,22-24.32-35).É esse anúncio que acorda a fé e faz possível que o indivíduo se
vincule à pessoa e à proposta de vida de Jesus e comece a participar de sua
vida e a ser parte de sua comunidade.Paremos um instante para agradecer a Deus
por aquelas pessoas que nos anunciaram a Jesus.O evangelista nos apresenta uma
comunidade "poderosa". Na verdade, ela participa do mesmo
"poder" de Jesus seguindo seus passos. Poder que liberta das
diferentes mentalidades que escravizam a humanidade, poder que a faz vencer as
dificuldades que surgem na sua missão, poder que a coloca ao lado dos pequenos
e sofredores para curá-los.Do mesmo modo que a primeira comunidade, nós somos
hoje convocados para sair e pregar por toda parte a boa notícia que recebemos e
vivemos. Que pela nossa vida e palavra muitos outros queiram conhecer Aquele
que nos move a viver de um jeito diferente, a viver como Jesus viveu!
Tenhamos coragem!
Assim como a comunidade do evangelista Marcos experimentou a ajuda de Jesus na
sua missão, também nós a experimentaremos na medida em que nos entreguemos a
ela.Refletindo sobre este evangelho, podemos responder à pergunta: qual é o
significado, o fim último de nossa vida?