A LITURGIA NO TEMPO PRÓPRIO
Nas Igrejas da
Comunidade Metropolitana, temos como orientação, o uso da Liturgia cristã em
nossos cultos. Como já postei aqui no blog, temos um Manual de Liturgia que tem
como objetivo, nos direcionar para bem celebrar.
Hoje quero apontar
algumas considerações sobre o chamado TEMPO PRÓPRIO que ocupa a maior parte dos
nossos dias durante o ano litúrgico. O TEMPO PRÓPRIO em geral é distribuído em
33 ou 34 semanas durante o ano litúrgico. Vale lembrar que ao se falar ao ano litúrgico,
não podemos esquecer que ele não caminha junto com o ano civil, ou seja, ela
não começa em janeiro e tão pouco, termina
em dezembro. O Ano Litúrgico começa e termina quatro semanas antes do
Natal. Voltando ao TEMPO PRÓPRIO, a cor predominante é o verde e os cantos
devem ser a expressão das mensagens proclamadas. Ele ocupa praticamente a
metade do ano, com algumas semanas entre o natal e o tempo quaresmal. Sua maior
parte vem depois da solenidade de Pentecostes, encerrando-se com a solenidade
de Cristo Rei do Universo, marcando então, o fim do ano litúrgico.
Esse período é muito
importante para a nossa composição da fé, pois na experiência das primeiras
comunidades existia apenas a sucessão dos domingos e semanas ao longo do ano,
tendo o domingo como dia maior que congregava os irmãos e irmãs em torno da Palavra e da Ceia. O
domingo era o dia, por excelência, para fazer memória da páscoa do Senhor –
páscoa semanal. Quando mais tarde, foram organizados os ciclos da páscoa e do
natal, era para celebrar com mais intensidade, num tempo determinado, o que já
fazia parte do cotidiano das comunidades. É bom que entre um tempo e outro,
entre uma festa e outra, haja um tempo comum, um período de repouso e
assimilação. Depois da festa e do extraordinário buscamos a calma como elemento
de equilíbrio e de normalidade.
O TEMPO PRÓPRIO é um
convite a cada um de nós à reflexão, pois no dia-a-dia, na correria que nos é
própria, Deus nos chama à percebemos Sua presença real na palavra e no partir
do pão. Isso acontece todas as vezes que nos reunimos em comunidade e pela
comunidade. É nos acontecimento cotidianos, nas vivências e nos cansaços, que
Jesus cumpre o que nos prometeu: “estarei com vocês todos os dias”.
No TEMPO PRÓPRIO
celebramos, portanto, o mistério de Cristo em sua totalidade: encarnação, vida,
morte, ressurreição e ascensão. É o que o distingue dos demais tempos. A tônica
recai sobre o evangelho de cada domingo. Aí temos a espiritualidade a ser
vivida durante a semana. A vida cotidiana é lida à luz do mistério do Senhor.
Neste longo período do ano
litúrgico devemos prestar especial atenção nas leituras proclamadas em nossas
comunidades. É a tarefa cotidiana de perceber a cura e o cuidado so Senhor em nossas
vidas. A partir da vida do Senhor, aprendemos dele o que significa e em que
implica ser um discípulo e uma discípula. Junto com os discípulos que deixaram
tudo para seguir o Mestre, e junto com todo o povo, que coloca nele suas
esperanças, acompanhamos Jesus na sua caminhada missionária. Em cada um dos
acontecimentos, que ocorrem no caminho, Deus vai revelando o mistério de Jesus
e nós vamos sendo convidados a aderir mais
profundamente, mais apaixonadamente à sua pessoa e à sua causa. Nos acontecimentos
cotidianos da vida e da caminhada de Jesus, vamos percebendo o Mistério maior
que está presente também em nossa vida, tanto nos acontecimentos
extraordinários como também naqueles que nos parecem banais e rotineiros. Em
todos eles, é Deus que está presente, é Deus que nos chama, nos fala, nos toca,
nos convida ao seguimento de Jesus, nos envia como testemunhas das realidades
em que vivemos.
Cada domingo é assim
uma visita de Deus para nos renovar, para libertar o seu povo, para nos unir mais
a ele e entre nós”.
No início do TEMPO
PRÓPRIO, depois do natal e antes da quaresma, lemos o início da missão de
Jesus, com o chamado dos discípulos, a proposta do Reino. São domingos marcados
por um clima de manifestação do Senhor. Em seguida, vamos acompanhamos cada
evangelho, quase que do começo ao fim, pulando aquelas passagens que são lidas
nos tempos fortes do ano litúrgico. No final do TEMPO PRÓPRIO, ouvimos as
palavras de Jesus sobre o fim do mundo – o discurso escatológico. Temos o
domingo da Santíssima Trindade, o Culto em Memória das Vítimas do HIV e outras
festas próprias do nosso calendário litúrgico que ainda precisamos fazer valer
em nosso cultos.
Enfim, que o TEMPO
PRÓPRIO possa ser para cada um de nós, oportunidade de cura e transformação.
Que possamos cada vez mais perceber a riqueza de nossa liturgia, para assim
melhor celebrar.